segunda-feira, 15 de março de 2010

Práticas educativas para lidar com a diversidade sexual é um experimento promissor!


Veja a imagem acima em: www.appsindicato.org.br/.../noticia.aspx?id=3350

“Um corpo estranho na sala de aula”
Quando menos se espera, aparece alguém com atitudes que destoam da maioria. Um aluno ou aluna age e se expressa de forma que provoca mal-estar no grupo, antes aparentemente homogêneo, e, diante da estupefação geral, eis que surge um corpo estranho na sala de aula. Um corpo porque o que lhe confere distinção é algo físico e visível. Esse estudante desafia normas pressupostas e as coloca em discussão.
- Por que as práticas sexuais que não têm como fim o casamento e a reprodução devem permanecer nas sombras e no silêncio ?
- Porque a sexualidade deve seguir um modelo único?
Tais questões não podem ser ignoradas, a sociedade cria padrões de masculinidade e feminilidade que não são produtos da biologia, vistos claramente na própria escola que já chegou a separar meninos de meninas, contribuindo para fabricar sujeitos diferentes. É possível ainda ver essa construção das diferenças em algumas atividades escolares, nas aulas de educação física,etc. infelizmente por meio delas também à desigualdade entre gêneros.
A crença na naturalidade dos atributos socialmente criados permite que se constituam os gêneros de forma mais poderosa, pois quando se expõe que a sociedade e a ESCOLA fabricam homens e mulheres, fica difícil justificar as desigualdades entre eles. As diferenças de gênero são necessárias para a contestação, por exemplo, das desigualdades a que são submetidas até hoje as mulheres em nossa sociedade (Bourdieu 1999).
O silêncio, a marginalização, o ocultamento das sexualidades alternativas é ignorado pela escola, sendo intencional e ativa, na verdade, o que se estabelece no espaço escolar é algo mais complexo e violento do que pode parecer à primeira vista.
Por isso nós, educadores devemos estudar e buscar novas práticas educativas comprometidas com a diversidade sexual. Afinal, a diferença não precisa ser uma marca,uma categoria, um estigma, mas algo que nos faça repensar modelos que nos aprisiona em um binarismo de gênero que não se sustenta.
Sugestões de práticas educativas comprometidas com a diversidade sexual:
 A escola deve educar respeitando particularidades e de forma a contribuir para uma sociedade mais justa, não rejeitando tudo que se diferencia da maioria;
 O silêncio deve ser quebrado sobre as diferenças contribuindo para que as pessoas não ignorem seus sentimentos e nem neguem seus desejos;
 Estimular os alunos a compreenderem a si próprios e se identificarem com determinadas práticas sexuais, evitando que eles lidem primeiramente com a rejeição e a violenta classificação como pertencentes a uma categoria socialmente estigmatizada;
 As diferentes formas de afetividade não devem ser menosprezadas, devem ser tratadas como dignas e aceitáveis;
 O educador deve abordar questões de sexualidade com base em situações do dia-a-dia na sala de aula, em assuntos em pauta na mídia ou em discussões provocadas pela exibição de um filme ou pela leitura de um romance, de um texto ou de uma reportagem. As discussões devem se dar de forma aberta, ainda que jamais obrigatória;
 Tomar cuidado com opiniões machistas e homofóbicas sempre as direcionando para o papel do ser humano na sociedade, pois o cuidado com a linguagem caminha junto com o reconhecimento e o respeito à diversidade;
 Ser cauteloso com o uso de adjetivos que valorizam ou desqualificam um estudante e suas preferências;
 O ideal é evitar designar interlocutores como redutíveis a essas categorias, pois as pessoas são muito mais do que suas práticas sexuais e merecem ser tratadas como seres complexos e irredutíveis a um atributo que pode ser compreendido por outros de forma pejorativa;
 A melhor forma de se referir a uma prática sexual é não caracterizá-la, insinuações sobre o interesse sexuais dos estudantes não cabe ao educador;
 Não cabe ao educador interferir em relações afetivas e muito menos permitir que preferências individuais seja motivo de controle da turma;
 O educador deve se manifestar adequadamente, restabelecendo o respeito com relação ao insultado, isso contribuirá para que, em vez da emergência de um corpo estranho na sala de aula, todos deparem com uma forma diversa de agir e pensar;
A única atitude mais cabível é aproveitar toda oportunidade que surge em sala de aula para falar sobre sexualidade, gênero e práticas sexuais ,tendo como compromisso o reconhecimento da diversidade e o respeito a ela. Informando-se sobre questões de comportamento como a sexualidade sempre numa perspectiva histórica e contextualizada socialmente, com o compromisso de assumir a construção de uma sociedade mais igualitária e justa.
Bibliografia:
Afirmando diferenças: Montando um quebra-cabeças da diversidade na escola/Anete Abramowicz,Valter Roberto Silvério(orgs).- Campinas,SP: Papirus,2005. - (Coleção Papirus Educação)

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