quarta-feira, 3 de março de 2010

Pena alternativa - inclusão digna na sociedade


Sou Francis, 25 anos, terminei o ensino médio.
Na opinião de muitas pessoas, os ex-presidiários são o grupo que as pessoas menos gostariam de encontrar ou ver. Com o objetivo de mensurar o preconceito contra detentos identifiquei também durante o tempo que estive privado de liberdade a intolerância por razões de dependência química e condição socioeconômica (desigualdade social).
O preconceito contra presidiários aparece de maneira espontânea no próprio sistema carcerário que por motivo de segurança coloca a nós e nossos familiares em situações vexatórias e humilhantes, talvez um dos fatos que mais me marcou durante esses dois anos foi o que minha mãe e meu pai se sujeitavam quando iam me visitar, mas compreendo que era por motivo de segurança. Muitas pessoas têm repulsas a quem já esteve sob pena e reclusão. “Depois de cumprir pena em presídios, dificilmente a pessoa consegue entrar no mercado de trabalho o ex-detento vai ao cartório para retirar a certidão de antecedentes criminais e, ao apresentar o documento para o empregador, é rejeitado para o trabalho”, tenho amigos nessa situação. E o que muitas vezes vi acontecer foi que sem oportunidade no mercado de trabalho, o ex-presidiário perde opções de subsistência e enxerga no crime uma das poucas alternativas para continuar se mantendo. O preconceito da sociedade contra as pessoas que cometeram delitos acaba estimulando a criminalidade e na carceragem existem muitas cabeças boas e ruins como aqui fora na sociedade. No meu caso estou muito feliz e me considero privilegiado, porque no dia seguinte que obtive minha liberdade, onde fui inocentado por falta de fatos e provas, ao ligar para o meu ex-patrão, ele me readmitiu na mesma hora, me registrou e se emocionou ao falar comigo, aliás, todos se emocionam e eu também , parece a história da Fênix, a ave que ressurgiu das cinzas. Penso que em todos os sistemas carcerários deveríamos receber estudo e qualificação enquanto cumprimos pena (Pena alternativa). Ao sair, teríamos chances maiores no mercado de trabalho, pois a educação é o melhor caminho para quem busca a aceitação, o recomeço e uma inclusão digna na sociedade. Sofri muito durante esses dois anos e minha família também, mas todos os dias eu pedia:
- Deus me de mais uma chance, só mais uma!
E ele me concedeu!Estou confiante na minha superação e sei que depende de mim, dar um novo rumo a minha história, que já foi boa, porque sou cheio de virtudes e valores, as pessoas de minha cidade gostam de mim e errar é humano, por isso vou me redimir e buscar a minha permanência na liberdade de ser, de pensar, de agir, de sentir ,de me expressar e de ser bom para a sociedade no qual estou inserido.Para quem ler meu depoimento deixo meu abraço e minha frase: “Sempre em frente (enfrente), não temos tempo a perder, nosso suor sagrado é bem mais forte que esse sangue amargo...” Renato Russo

Um comentário:

  1. Muitos tem preconceito só por que tem uma tatuagem, pensam que são marginais, ladrões, mas pode ser que a pessoa se arrependa do que fez.

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